segunda-feira, 14 de julho de 2008

afflictione

Sabe aquela aflição? Às vezes eu acho que sei. Faltam poucos minutos para um compromisso, ou para alguma atividade, ou para alguma coisa a se fazer que só depende de você; esse mesmo você se encontra estático em algum lugar sem previsão de se mexer para realizar seu compromisso, ou atividade, ou aquela coisa que só depende de você. Ao pensar nessa sua falta de iniciativa ou incapacidade de se ‘mover’, isso tudo em frações de segundos, esses minutos se tornam meios minutos. Esses mesmos meios minutos te fazem questionar se o culpado é você ou alguma força externa. Chega-se a primeira parte da aflição. A segunda surge logo após a primeira, em questão de meia fração de minutos dos meios minutos – temos, então, o fato consumado do seu estado estagnado. Ao se ver estagnado temos a terceira fase da aflição: o que fazer para sair desse estado? Se permanecermos parados voltamos à primeira fase da aflição, como decorrência disso, essa atividade aflitiva se torna uma simetria cíclica. Essa função matemática não é tão exata. Se em vez de continuarmos parados nos movermos, essa ação contrária de ficar parado nos leva ao mesmo estado de aflição. Acabo por me sentir dentro de uma jaula (com a porta aberta), onde penso “se ficar o bicho come se correr o bicho pega”. E, se talvez, fechar a jaula, o temível bicho não entra e permaneço vivo. Talvez ela não tenha cadeado. Talvez o bicho nem exista. Talvez essa aflição não passe só do fato de, às vezes, esquecer que sou apenas humano.

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