segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Do outro lado I

Dia (18/12/06)

A palavra “começar” nunca foi tão real. Está começando, esse gerúndio fica ecoando em minha cabeça e, agora, as primeiras palavras estrangeiras estão entrando pelos meus ouvidos. Estou, ainda, em solo brasileiro, mas já me sinto entregue a ares alheios. G38 é minha cadeira. João e Edgar estão na frente; nossos olhos se aventuram em jornais espanhóis.

(...)

Dia (03/01/07)

Estamos agora em direção a Roma. 25 horas entre trens e estações.

Saio de Barcelona com a cabeça tranqüila, mas extremamente cansado. Fizemos bastante coisas: Sagrada Família, Parque Güel, Palau de la musica; também nos aventuramos fora de Barcelona. Em Monteserrat, nos vimos subindo 1.300metros de altitude, o lugar é lindo e a capela impressionante, a mais bela que já vi.

Nosso quarto parecia um rodízio de mulheres. No começo éramos nós com mais dois brasileiros, estes deram lugar a duas japonesas com quem conversamos e nos ofereceram uma fruta típica japonesa (pior coisa que já comi na vida). Depois chegou duas brasileiras, Mariana e a outra chamada Laura, além, de duas russas. (...). Depois chegaram um grupo de brasileiras e fizemos amizade. Nas nossas ultimas duas noites tentamos aproveitar o máximo. Na derradeira fomos na Sunset, uma boate que fica em um shopping em um porto. As boates são de graça, muito cheias e com um clima muito diferente das do Rio – mais agitadas, com uma maneira despretensiosa de se divertir.

Alguns pequenos estresses já começaram a surgir, mas é natural. Comemos ontem e hoje em um buffet chamado Fresco – Henrique roubou algumas frutas para servir de reserva durante a nossa jornada ruma a Roma.

***

Olho para minha esquerda e vejo o mar. Nice. Estamos partindo – metade da viagem até Roma já se passou.

Perdemos um Guia ( Europa) e nossa bola; tive que falar algumas palavras em francês.

Estou com uma tosse muito chata e ainda cansamos, mesmo dormindo um pouco.

A ficha está caindo. Cada vez mais. A ficha vai diminuindo de tamanho e, assim, acaba ficando com menos aderência com o ar e continua sempre caindo – mais rápido, rápido e rápido. Dois países já se foram, estamos na França, mas esse não conta. Lembro dos dias que nos organizamos para estruturar a viagem, parecia algo tão distante e irreal e agora estamos vivendo mais do que nunca ela. Fico pensando como vai ser a volta para o Brasil, ver quanto minha cabeça mudou, saber realmente como foi me virar por conta própia. Ver minha cidade onde moro com outros olhos.