sexta-feira, 31 de agosto de 2007
Incompletude
taram
O cor
dão
Vazio
Vazio
Vazio
Comprei um carro
Agora sim
Felicidade!
Uma semana
Duas semanas
Vazio
Vazio
Vazio
Encontrei Maria
Agora sim
Felicidade!
Um mês
Dois meses
Vazio
Vazio
Vazio
Nasceu Joãozinho
Agora sim
Felicidade!
Um ano
Dois anos
Vazio
Vazio
Vazio
E agora?
Olhei dentro de mim
Vazio...
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Do outro lado I
Dia (18/12/06)
A palavra “começar” nunca foi tão real. Está começando, esse gerúndio fica ecoando em minha cabeça e, agora, as primeiras palavras estrangeiras estão entrando pelos meus ouvidos. Estou, ainda, em solo brasileiro, mas já me sinto entregue a ares alheios. G38 é minha cadeira. João e Edgar estão na frente; nossos olhos se aventuram em jornais espanhóis.
(...)
Dia (03/01/07)
Estamos agora em direção a Roma. 25 horas entre trens e estações.
Saio de Barcelona com a cabeça tranqüila, mas extremamente cansado. Fizemos bastante coisas: Sagrada Família, Parque Güel, Palau de la musica; também nos aventuramos fora de Barcelona. Em Monteserrat, nos vimos subindo 1.300metros de altitude, o lugar é lindo e a capela impressionante, a mais bela que já vi.
Nosso quarto parecia um rodízio de mulheres. No começo éramos nós com mais dois brasileiros, estes deram lugar a duas japonesas com quem conversamos e nos ofereceram uma fruta típica japonesa (pior coisa que já comi na vida). Depois chegou duas brasileiras, Mariana e a outra chamada Laura, além, de duas russas. (...). Depois chegaram um grupo de brasileiras e fizemos amizade. Nas nossas ultimas duas noites tentamos aproveitar o máximo. Na derradeira fomos na Sunset, uma boate que fica em um shopping em um porto. As boates são de graça, muito cheias e com um clima muito diferente das do Rio – mais agitadas, com uma maneira despretensiosa de se divertir.
Alguns pequenos estresses já começaram a surgir, mas é natural. Comemos ontem e hoje em um buffet chamado Fresco – Henrique roubou algumas frutas para servir de reserva durante a nossa jornada ruma a Roma.
***
Olho para minha esquerda e vejo o mar. Nice. Estamos partindo – metade da viagem até Roma já se passou.
Perdemos um Guia ( Europa) e nossa bola; tive que falar algumas palavras em francês.
Estou com uma tosse muito chata e ainda cansamos, mesmo dormindo um pouco.
A ficha está caindo. Cada vez mais. A ficha vai diminuindo de tamanho e, assim, acaba ficando com menos aderência com o ar e continua sempre caindo – mais rápido, rápido e rápido. Dois países já se foram, estamos na França, mas esse não conta. Lembro dos dias que nos organizamos para estruturar a viagem, parecia algo tão distante e irreal e agora estamos vivendo mais do que nunca ela. Fico pensando como vai ser a volta para o Brasil, ver quanto minha cabeça mudou, saber realmente como foi me virar por conta própia. Ver minha cidade onde moro com outros olhos.
domingo, 26 de agosto de 2007
Um cabide em cima da mesa. Canetas e moedas fazem companhia para o objeto de madeira, que, sem seu oficio de pendurar roupas gera olhares curiosos. A mesa não se encontra em nenhum quarto ou escritório; sua sombra pode ser vista no chão de uma estrada de terra – o sol das três o castiga.
A sombra se desfaz lentamente, as cigarras na beira da estrada afiam suas vozes. Sons de carros e vulcões em erupções colam na paisagem, agora, escura.
Na zona Minami-Ku em Quioto, Yamada Hanako acorda assustado. O suor de sua testa escorre, sua boca salgada se move em silencio; mais um sonho.
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
Happiness Is A Warm Gun
- Pois é cara! Você anda distante. O que houve? Foi Búzios? Ou apenas coincidência?
- ...
- Tudo está estranho! O espaço físico me afasta no psicológico. Acho que esse “à distância” está cada vez mais perto!
- ...
A conversa fluia em um ritmo constante. Algumas gaguejadas. Momentos de reflexão muda. Mas tudo dentro da oscilação do clique incessante. Cena pouco comum para uma sexta-feira à noite em plena capital carioca. Mais provável serem dois bandidos tramando uma fuga com um carro roubado para subir o morro (no caso, o Alto Leblon). Dois bandidos inexperientes que, sem perceber, deixaram a luz-alerta oscilando e, inevitavelmente, prendendo a atenção de quem passava por perto da escuridão.
- Sai do carro! Sai! Sai!
- Anda! Anda! Abre a perna! Que tu tem no bolso?
As armas foram, aos poucos, apontando para o chão.
Clic
Clic
Clic
Clic
e, finalmente, recuadas
Clic
Clic.
Quebrando o clima da conversa tranquila, o silêncio disfarçado na tensão de uma incômoda revista de praste.
- Carteira de Habilitação, documento, IPVA.
- Tudo ok.
Alarme falso. Mas o alarme tocou, despertando do “Waking Life” para “Waked Life”, ou melhor: “Awake, Life!”. Ao final, os dois jovens levantaram. Sairam do carro e voltaram, pouco atônitos, a seguir o ritmo; embarcados em assuntos do cerne da natureza humana.
Amizade
Corrupção
Distância
Ausência
Razão X Emoção
Certo? Errado?
Reflexão
Felicidade.
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
SonoS
Poesias pisadas
Histórias esquecidas
De pessoas amadas.
Frases feito fatos
Reais, marcantes.
Sílabas presas afastam
Aos poucos, distantes.
Silenciam os pensamentos
Que,agora calados, resentem.
Sua censura suja,
Minha consciência limpa.
A mim tudo amiúde.
A mil de idéais.
Mil delas
Vis.
Vi
Mil delas
Em vão voar
E ir e vir e voltar.
Em vão vão. Vão.Somem em sonhos. Temem o tempo. Tentam. Em vão. Vão.
quarta-feira, 22 de agosto de 2007
Cântico
Seco as lágrimas
Visto minha máscara
Agora sou eu lírico
Ah, esse mundo fantástico!
Nem ótimo, nem péssimo
Mundo isóscele
Nesse espaço ensaístico
Sou o maior dos críticos
Ou um alienado pacífico
Sou pedreiro poético
Troco diálogo por métrica
Nessa melodia prosódica
Sou viajante sem bússola
Personagem esférico
Sigo a trilha mortífera
Me protejo em vocábulos
Uso o meu escudo lírico
E enfrento o diabólico
Faço trama sistemática
Corto toda cena fúnebre
Mergulho na vida lúdica
Mas numa mudança rápida
A insanidade mágica
É rompida pela lógica
Bem vindo aos céticos!
terça-feira, 21 de agosto de 2007
Indefinível Indefinição
O velho conflito entre teoria em prática abre espaço para os extremos: ter conversações filosóficas, cheias de grandes idéias e aspirações, ou nos submetermos à guerras irracionais; ser e não ter ou ter e não ser.
A simples ação de criar um blog é um misto entre teoria e prática. Um texto, antes escrito e guardado em um diretório oculto no computador; ou uma idéia, abandonada em uma tira de papel, agora se revelam. Fica no ar aquela sensação de timidez compartilhada; um pensamento antes contido e cheio de conteúdo, agora conta e contagia.
Esses pensamentos soltos traduzidos em palavras. O impacto visual de uma idéia antes abstrata. É aqui que reside a essência dos nossos mistérios, o exagero das coisas mais simples e a simplificação exagerada. Um texto não define, não prende e não é preso. Está aqui. Pronto pra ser roubado, sem direitos autorais nem patentes. Pronto para ser pirateado, copiado e legalizado. Pronto pra todos. Pronto enfim.
